quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Formação da População Maranhense - Índios, Europeus, Africanos e Asiáticos.

Índios

No século XVII, a população indígena no estado do Maranhão, era formada por aproximadamente 250.000 pessoas. Faziam parte dessa população, cerca de 30 etnias diferentes; a maioria delas, hoje, não existe mais. Povos indígenas como os Tupinambá que habitavam a cidade de São Luis, os Barbado, os Amanajó, os Tremembé, os Araioses, os Kapiekrã, entre outros, foram simplesmente exterminados ou dissolvidos social e culturalmente. Outras etnias existentes na época, como os Krikati, Canela, Guajajara-Tenetehara e Gavião, continuam presentes até hoje. São notórias as causas do desaparecimento de cerca de 20 povos indígenas no Maranhão: as guerras de expedição para escravizar, as doenças importadas, a miscigenação forçada, a imposição de novos modelos culturais, entre outras causas.

Os povos indígenas presentes no Maranhão, são distribuídos em dois grandes grupos: os Tupi-Guarani e os Macro-Jê. Essa distribuição, dá-se com base na classificação lingüístico-cultural utilizada para identificar e caracterizar as línguas e culturas indígenas presentes no Brasil.

A população atual dos povos indígenas no estado do Maranhão soma cerca de 20.000 pessoas e está em progressivo aumento. Isto vem se dando a partir de uma série de fatores, entre eles uma certa melhoria das condições de vida, uma maior qualificação dos próprios índios em gerirem a educação, a saúde, as atividades agrícolas, e uma determinante vontade de viver segundo seus costumes. Um outro fator importante foi a demarcação de todas suas terras que, embora invadidas, conferiram à população indígena maior auto-confiança e segurança em sua perspectiva de auto-perpetuação física e cultural. 

Franceses

A Coroa Francesa nunca reconheceu os tratados de partilha do mundo, seguindo o princípio do uti possidetis, pelo qual seria possuidor de uma terra quem efetivamente a ocupasse. Através da ação de seus corsários, os franceses entraram no comércio do pau-brasil e, quando podiam, pilhavam navios de nações inimigas pelos sete mares. Na América Portuguesa, tal ação guardava determinadas facilidades. Possuidora de uma costa demasiado extensa para que pudesse ser vigiada a contento pelas patrulhas portuguesas e contando com uma população indígena muito difícil de se escravizar, mas maleável ao negociar, os piratas franceses ameaçavam constantemente o poderio português em terras brasileiras.

No ano de 1612, a expedicão comandada por La Ravardiere fundou São Luís, primeiro núcleo do que viria ser a França Equinocial. Além da presença anterior de piratas e comerciantes franceses, os quais mantinham boas relações com os indígenas, a agressiva tentativa francesa de colonização foi desencadeada pelo interesse, compartilhado com os lusitanos , na foz do Amazonas e, principalmente, pela retomada da rainha Catarina de Médicis de um antigo plano: criar um Império colonial. Contando com maioria católica, os franceses fundaram a cidade de São Luís e toleravam a presença de huguenotes. Este núcleo inicial contava também com a presença de missionários para a assistência religiosa dos europeus e a catequese do gentio da terra.

A reação portuguesa teve lugar de 1612 a 1615. Os colonos do litoral nordestino foram os primeiros a reagir, assim partiram de Pernambuco e Paraíba expedições sob a liderança de Jerônimo de Albuquerque e Diogo de Campos Moreno. Estas expedições contaram com o apoio maciço dos índios de tribos aliadas à Coroa Portuguesa.

Tais combates opuseram franceses e aliados indígenas de ambos os lados. Descumprindo uma trégua pré-estabelecida entre os combatentes, Gaspar de Sousa, governador-geral, enviou nova tropa, o que obrigou o comandante francês a render-se, contudo o mesmo exigiu o pagamento de uma indenização, a fim de compensar os investimentos perdidos.

A derrota francesa no Maranhão deveu-se muito à oposição de setores da Corte francesa, que acreditavam ser um empreendimento que não renderia frutos interessantes economicamente falando, ou seja, seria muito dispendioso manter as colônias brasileiras. Com isso Portugal encontrou solo favorável para fundar 3 núcleos de povoamento (Ceará, Maranhão e Pará) e consolidar a ocupação efetiva dos portugueses na região.

Portugueses 

Jerônimo de Albuquerque
A primeira fonte de colonização ficou conhecida como a Frente Litorânea. Caracterizada por ser responsável pela colonização do litoral maranhense ( vale do Itapecuru, Icatu e Munim ). Ela contou com a participação de dois agentes que são determinantes para a colonização:
1. O estado português.
2. A igreja Católica, que funcionava como aparelho ideológico da ocupação portuguesa, catequizando índios e educando os colonos.
3. A mão-de-obra escrava.

A segunda ficou conhecida como a Frente Pastoriana. Fora responsável pela colonização do sul do Maranhão a região de Pastos Bons. E fora caracterizada por:
1. Ser tardia em comparação a Frente Litorânea.
2. Iniciativa privada dos vaqueiros e piões, atraídas pela boa qualidade dos pastos.
3. A atividade que predominava era a extensiva.
4. A mão-de-obra livre ao contrario da Frente Litorânea.

Durante os primeiros anos São Luis representou para Portugal apenas um quartel. Mas em 1621, Felipe III, Rei da Espanha dividiu a administração do pais em duas:
1. Bahia que tinha como capital Salvador.
2. Estado do Maranhão e Grão-Pará tendo como capital São Luis.

OBS.: A ordem dos padres jesuítas funcionou como parede ideológica da ocupação portuguesa no extremo norte do Brasil, catequizando índios e educando colonos.

OBS.: A criação do Estado Colonial do Maranhão e Grão-Pará, tinha como objetivo colonizar o extremo norte do Brasil, diretamente pela metrópole, pois esta região estava vulnerável as invasões estrangeiras.

Africanos

O Maranhão é considerado uma sociedade escravista tardia. Foi no final do século XVIII que se desenvolveu mais fortemente uma escravidão agrícola na região, ainda que desde o século anterior escravos africanos tivessem sido utilizados como mão-de-obra (Assunção, 1996: 434).

Naquela época, formou-se o Estado do Grão-Pará e Maranhão, cuja administração era feita diretamente por Portugal. Foi fundada também a Companhia do Comércio do Grão-Pará e Maranhão. O objetivo da companhia era fortalecer o comércio mercantilista com Portugal. A atuação da companhia acarretou muitas mudanças na sociedade maranhense, como a proibição da escravidão indígena.

A partir da fundação da Companhia do Comércio do Grão-Pará e Maranhão, houve um crescimento significativo de escravos africanos na região. Até 1755, calcula-se que entraram 3 mil escravos no Maranhão. No período de existência da companhia, entre 1755 e 1777, este número saltou para 12 mil (Santos, 1983: 14-15).

A compra de escravos era financiada pela Companhia do Comércio do Grão-Pará e Maranhão, em troca do monopólio do comércio que ocorria no porto de São Luís. Os colonos passaram a utilizar-se de braços vindos de Cacheu, Bissau e Angola, em suas lavouras de arroz e algodão.

A entrada crescente de escravos africanos no Maranhão culminou com a chegada de 41 mil pessoas entre 1812 e 1820. Como resultado, às vésperas da Independência, 55% dos habitantes do Maranhão eram escravos. Tal número correspondia à mais alta porcentagem de população escrava do Império. Ela concentrava-se nas fazendas situadas na baixada ocidental e nos vales dos Rios Itapecuru, Mearim e Pindaré.

Asiáticos

O desembarque em terras brasileiras de imigrantes árabes, sírios e libaneses no início do XX foi marcado por um processo de exclusão destes em seu local de origem, mas também pela busca de melhores condições econômicas em outros espaços. Nem todos que decidiram imigrar eram pobres, sendo muitos alfabetizados em mais de uma língua ou com formação superior ou ainda,  puderam contar com a ajuda da família, que contribuiu para sua mudança já com algum pecúlio.

A maioria espalharam-se pela ilha de São Luis e interior do Maranhão como Mascates (mercadores ambulantes e vendedores de "porta a porta", também chamados de “turcos da prestação”).


Os libaneses e sírios que vieram para o sul e centro do Brasil ficaram conhecidos pelo nome de turcos, por terem suas terras de origem pertencido ao antigo Império Otomano. Tornando-se independentes, conservou-se o uso do adjetivo turco. Os árabes (de fala árabe) que radicam no Brasil não foram conhecidos pela mesma designação. Eles são árabes, sírios, libaneses, turcos, etc.

A denominação varia de acordo com a região. Assim: no Ceará os libaneses e sírios são chamados de Galegos, herdado dos portugueses como comerciantes exóticos. No Pará o árabe é conhecido pelo termo teque-teque, devido ao uso da matraca. No Ceará, Maranhão e Pará - eram conhecidos como carcamanos; designação herdada dos italianos.

O comércio ambulante, tão rudimentar na colônia, foi tomando vulto com a melhoria dos meios de comunicação, servindo as picadas dos tropeiros e dos mascates para traçar novos caminhos de penetração. A exemplo das bandeiras, os vendedores ambulantes favoreceram a criação de núcleos urbanos, o florescimento de pequenas culturas e a introdução de novos objetos de uso pessoal e doméstico nas regiões mais afastadas.



sábado, 11 de fevereiro de 2012

Iluminismo no Brasil

O iluminismo no Brasil 
As ideias iluministas chegaram ao Brasil no século XVIII. Muitos brasileiros das classes mais altas da sociedade iam estudar em universidades da Europa e entravam em contato com as teorias e pensamentos que se desenvolviam em território europeu. Ao retornarem ao país, após os estudos, estas pessoas divulgavam as ideias do iluminismo, principalmente, nos centros urbanos.

A principal influência do iluminismo, principalmente francês, pôde ser notada no processo de Inconfidência Mineira (1789). Alguns inconfidentes conheciam as propostas iluministas e usaram como base para fundamentar a tentativa de independência do Brasil.







As principais ideias iluministas que influenciaram os inconfidentes foram:

- Fim do colonialismo;
- Fim do absolutismo;
- Substituição da monarquia pela República;
- Liberdade econômica (liberalismo);
- Liberdade religiosa, de pensamento e expressão.
Mesmo não obtendo o sucesso desejado, que seria a Independência do Brasil, os inconfidentes conseguiram difundir ainda mais as ideias do iluminismo entre as camadas urbanas da sociedade brasileira. Os ideais iluministas foram de fundamental importância na formação política do Brasil.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Belle Époque Tropical

Para a maioria dos europeus, a época entre 1871 e 1914 foi a Belle Époque. A ciência tinha tornado a vida mais cômoda e segura, o governo representativo tinha grande aceitação e se esperava confiantemente um progresso contínuo. As potências européias se orgulhavam dos seus avanços e, convencidas de que a história lhes tinha reservado uma missão civilizadora. Paris foi a principal capital européia que se glorificou com o estilo da belle époque, com exemplos que hoje se podem contemplar na Gare de Lyon e na ponte Alexandre III.

As mudanças realizadas entre os séculos XIX e XX, estimuladas, principalmente, pelo dinamismo da economia internacional, também afetou a sociedade brasileira significativamente. De meados dos anos de 1890 até a Grande Guerra, a orquestra econômica global gerou grande prosperidade no país. O enriquecimento baseado no crescimento explosivo dos negócios formou o plano de fundo do que se tornou conhecido como “os belos tempos” (Belle Époque). No Brasil, a atmosfera do surto amplo de entusiasmo do capitalismo gerou uma sensação entre as elites de que o país havia se posto em harmonia com as forças da civilização e do progresso das nações modernas.

No Brasil, a Belle Époque situa-se entre 1889, data da proclamação da República, e 1922, ano da realização da Semana da Arte Moderna em São Paulo, sendo precedida por um curto prelúdio – a década de 1880 – e prorrogada por uma fase de progressivo esvaziamento, que perdurou até 1925.

Amazônia - Ciclo da Borracha

A utilização da borracha foi desenvolvida em função das diversas descobertas científicas promovidas durante o século XIX. Inicialmente, o látex era comumente utilizado na fabricação de borrachas de apagar, seringas e galochas. Anos mais tarde, os estudos desenvolvidos pelo cientista Charles Goodyear desenvolveu o processo de vulcanização através do qual a resistência e a elasticidade da borracha foram sensivelmente aprimoradas. 

A mão-de-obra utilizada para a extração do látex nos seringais era feita com a contratação de trabalhadores vindos, principalmente, da região nordeste. Os seringueiros adotavam técnicas de extração indígenas para retirar uma seiva transformada em uma goma utilizada na fabricação de borracha. Não constituindo em uma modalidade de trabalho livre, esses seringueiros estavam submetidos ao poder de um “aviador”. O aviador contratava os serviços dos seringueiros em troca de dinheiro ou produtos de subsistência. 

A sistemática exploração da borracha possibilitou um rápido desenvolvimento econômico da região amazônica, representado principalmente pelo desenvolvimento da cidade de Belém. Este centro urbano representou a riqueza obtida pela exploração da seringa e abrigou um suntuoso projeto arquitetônico profundamente inspirado nas referências estéticas européias. Posteriormente atingindo a cidade de Manaus, essas transformações marcaram a chamada belle époque amazônica. 

No início do século XX, a supremacia da borracha brasileira sofreu forte declínio com a concorrência promovida pelo látex explorado no continente asiático. A brusca queda do valor de mercado fez com que muitos aviadores fossem obrigados a vender toda sua produção em valores muito abaixo do investimento empregado na produção. Entre 1910 e 1920, a crise da seringa amazônica levou diversos aviadores à falência e endividou os cofres públicos que estocavam a borracha na tentativa de elevar os preços. 


A Contribuição do Café

A partir de meados do século XIX, por conta das plantações de café o Brasil caipira se transformaria num espaço capaz de coadunar tais características com um profundo gosto pelo moderno e por toda a materialidade e simbolismo que o envolviam e que eram experienciados na Europa como marca de um novo tempo, ou melhor, daquilo que era tido como o ‘melhor dos tempos’: a Belle Époque. O termo revela que tais emblemas modernos possuíam relação estreita com a França, especialmente. É por conta disso, que durante o término do século XIX e princípio do século XX, muitos homens no interior paulista tinham seus sonhos povoados por desejos como o de viver um grande amor em Paris, desfrutar de seus cafés e cabarets, passear pelas suas ruas olhando as vitrines das butiques e admirando a luz elétrica, entre outras novidades técnicas e materiais. 


A Revolta da Vacina

O Rio de Janeiro, na passagem do século XIX para o século XX, era ainda uma cidade de ruas estreitas e sujas, saneamento precário e foco de doenças como febre amarela, varíola, tuberculose e peste. Os navios estrangeiros faziam questão de anunciar que não parariam no porto carioca e os imigrantes recém-chegados da Europa morriam às dezenas de doenças infecciosas.
Ao assumir a presidência da República, Francisco de Paula Rodrigues Alves instituiu como meta governamental o saneamento e reurbanização da capital da República. Para assumir a frente das reformas nomeou Francisco Pereira Passos para o governo municipal. Este por sua vez chamou os engenheiros Francisco Bicalho para a reforma do porto e Paulo de Frontin para as reformas no Centro. Rodrigues Alves nomeou ainda o médico Oswaldo Cruz para o saneamento.

O Rio de Janeiro passou a sofrer profundas mudanças, com a derrubada de casarões e cortiços e o conseqüente despejo de seus moradores. A população apelidou o movimento de o “bota-abaixo”. O objetivo era a abertura de grandes bulevares, largas e modernas avenidas com prédios de cinco ou seis andares.
Ao mesmo tempo, iniciava-se o programa de saneamento de Oswaldo Cruz. Para combater a peste, ele criou brigadas sanitárias que cruzavam a cidade espalhando raticidas, mandando remover o lixo e comprando ratos. Em seguida o alvo foram os mosquitos transmissores da febre amarela.
Finalmente, restava o combate à varíola. Autoritariamente, foi instituída a lei de vacinação obrigatória. A população, humilhada pelo poder público autoritário e violento, não acreditava na eficácia da vacina. Os pais de família rejeitavam a exposição das partes do corpo a agentes sanitários do governo.
A vacinação obrigatória foi o estopim para que o povo, já profundamente insatisfeito com o “bota-abaixo” e insuflado pela imprensa, se revoltasse. Durante uma semana, enfrentou as forças da polícia e do exército até ser reprimido com violência. O episódio transformou, no período de 10 a 16 de novembro de 1904, a recém reconstruída cidade do Rio de Janeiro numa praça de guerra, onde foram erguidas barricadas e ocorreram confrontos generalizados.